Conceito

Ascite = Acúmulo de líquido livre de origem patológica na cavidade peritoneal

Fisiopatologia

A origem do líquido que se acumula na cavidade peritoneal pode variar (plasma, bile, sangue, suco pancreático, líquido intestinal, linfa, urina etc)

No entanto, a grande maioria das ascites tem como causa a cirrose hepática

Teorias para explicar a formação da ascite

• Underfill (Baixo enchimento)
• Overflow (Superfluxo)
• Vasodilatação

Controvérsias em relação ao estímulo inicial para a retenção renal de água e sódio

Cirrose hepática cursa Hipoalbuminemia e Hipertensão portal, que favorecem a formação de ascite

• Teoria do Underfill (Baixo enchimento)
• Teoria do Overflow (Superfluxo)
• Teoria da Vasodilatação

A teoria da vasodilatação veio harmo­nizar as ideias sobre a formação de ascite no cirrótico, englobando as teorias "overflow" e "underfill"

• Nas fases iniciais da cirrose hepática haveria vasodilatação periférica e retenção renal de água e sódio, com eventual "overflow" e escape de fluido para a cavidade perito­neal (vindo principalmente da superfície hepática)
• Pro­vavelmente, depois que a ascite começa a se formar e aumenta a vasodilatação periférica, o "underfill" passa a assumir papel relevante, com queda do volume efeti­vo circulante e estimulação permanente dos sistemas vasopressores, levando à retenção contínua de água e sódio pelos rins
• A saturação da capacidade de drena­gem linfática abdominal e principalmente a limitação da drenagem linfática hepática contribuem para o acú­mulo final de líquido na cavidade peritoneal

Diante de um paciente com ascite, podemos espe­cular qual o mecanismo atuante de forma predominan­te em determinado momento

• Se a história obtida for de ascite de recente começo (até 1 a 2 meses), provavel­mente a vasodilatação estará presente e o "overflow" predominará
• Um paciente com ascite de longa dura­ção terá grau mais acentuado de vasodilatação perifé­rica, com predomínio do "underfill"

Clínica e Semiologia

Anamnese

Tempo de aparecimento

Questionar sobre o tempo de aparecimento, que pode ser agudo ou insidioso

Em geral, o ataque insidioso tem pior prognóstico, pois não é associado com fatores curáveis

Como a ascite aguda e a ascite crônica tem fisiopatologias distintas, o tempo de aparecimento pode orientar a conduta terapêutica

Fatores de risco

É importante questionar sobre fatores de risco para doença hepática crônica, principalmente a cirrose hepática

• Uso de álcool

  Destaque para o tipo de bebida ingerido (destilado ou não), Uso diário ou não da bebida, Quantidade ingerida e Tempo de uso

  O uso diário é mais implicado com hepatopatias crônicas

• Exposição anterior as vírus das hepatites crônicas

  História de hepatite no passado, de icterícia com colúria, transfusões sanguíneas anteriores, uso de plasma (ou "soro" mal caracterizado) em hospitais, uso de drogas intravenosas

• Uso anterior de drogas farmacológicas com potencial hepatotóxico

• Exposição ocupacional a substâncias hepatotóxicas

• Histórico de familiares falecidos por insuficiência hepática sem causa conhecida (possível doença metabólica congênita)