embora a endoscopia digestiva alta (exame padrão de investigação da dispepsia) seja atualmente bem acessível, seu custo e disponibilidade não permitem sua indicação inicial no diagnóstico diferencial de todo quadro de dispepsia

o seguimento permite ao clínico uma abordagem inicial menos invasiva e mais adequada ao nosso meio

conceito

dispepsia = qualquer sintoma relacionado ao trato digestivo alto, equivalente à má digestão → dor epigástrica, dor retroesternal, pirose, empachamento, saciedade precoce, eructução, náuseas, vômitos etc

<aside> ▫️ dispepsia orgânica = qualquer sintoma relacionado ao aparelho digestivo alto, secundário a doenças orgânicas excessivas → DRGE, úlcera péptica, gastropatia medicamentosa, pancreatite, colelitíase, neoplasia etc

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<aside> ▫️ dispepsia não ulcerosa ou dispepsia funcional = situação em que os sintomas do aparelho digestivo alto, com duração de mais de 4 semanas e não relacionados à atividade física, não se devem a doenças orgânicas localizadas ou sistêmicas

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epidemiologia

a dispepsia é um diagnóstico muito frequente em todo o mundo, com prevalência aproximada de 30 a 40% na comunidade

<aside> ◽ a maioria dos pacientes com dispepsia não procura os serviços de saúde

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dos dispépticos submetidos a EDA, 50 a 60% têm dispepsia funcional; 15 a 20% têm úlcera péptica; 20 a 25% têm DRGE; e 0.5 a 2% têm neoplasia gástrica
- mais de 50% dos casos de DRGE são normais à endoscopia digestiva alta

idade

as doenças associadas à dispepsia têm prevalências distintas em faixas etárias distintas, o que auxilia o diagnóstico diferencial por mudar o fluxo de investigação

<aside> ◽ as incidências de úlcera péptica e neoplasia se elevam com o aumento da idade (o que não ocorre para dispepsia funcional ou DRGE)

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na faixa etária superior aos 45 anos, há maior prevalência de dispepsia funcional em mulheres
em pacientes com mais de 50 anos, a incidência de neoplasia gástrica aumenta, o que pode exigir investigação diagnóstica mais rápida, principalmente quando há sinais de alarme presentes → a terapêutica precoce pode melhorar o prognóstico

nessa faixa etária, diversas doenças não digestivas de caráter degenerativo podem constar no diagnóstico diferencial, como diabetes e insuficiência coronariana

fatores de risco

a identificação de populações de maior risco é importante para investigação criteriosa direcionada e economia de recursos