Usualmente inicia-se o estudo do sistema nervoso central pela medula, por ser o órgão mais simples deste sistema e onde o tubo neural foi menos modificado durante o desenvolvimento.
A medula espinhal é uma massa cilindroide, de tecido nervoso, situada dentro do canal vertebral, sem entretanto ocupá-lo completamente. No homem adulto, mede aproximadamente 45 centímetros, sendo um pouco menor na mulher.
Até o 4º mês de vida intrauterina, a medula espinal tem o mesmo tamanho que a coluna vertebral. Após esse período, a coluna vertebral cresce e ultrapassa a medula, de modo que esta termina na vértebra L2.
Cranialmente, a medula limita-se com o bulbo, aproximadamente ao nível do forame magno do osso occipital. O limite caudal da medula tem importância clínica e, no adulto, situa-se geralmente na 2ª vértebra lombar (L2)
A medula apresenta forma aproximadamente cilíndrica, sendo ligeiramente achatada no sentido anteroposterior. A medula termina afilando-se para formar o cone medular, que continua com um delgado filamento meníngeo, o filamento terminal, derivado da pia-máter.
Seu calibre não é uniforme, pois apresenta duas dilatações denominadas intumescência cervical e intumescência lombar, situadas nos níveis cervical (C5 a T1) e lombar (L1 a S3), respectivamente. Estas intumescências correspondem às áreas em que fazem conexão com a medula as grossas raízes nervosas que formam os plexos braquial e lombossacral, destinadas à inervação dos membros superiores e inferiores, respectivamente. A formação destas intumescências se deve à maior quantidade de neurônios e, portanto, de fibras nervosas que entram ou saem destas áreas e que são necessárias para a inervação dos membros. Em resumo, a inervação dos membros superiores emerge da intumescência cervical (plexo braquial) e a inervação dos membros inferiores emerge da intumescência lombar (plexo lombossacral). A inervação da região torácica relaciona-se às paredes torácica e abdominal, não sendo necessária uma dilatação da medula.
A porção interna da medula é formada por substância cinzenta, enquanto a porção externa é formada por substância branca
Lembrete: a substância branca é formada principalmente por axônios mielinizados, enquanto a substância cinzenta é formada por corpos celulares e axônios amielinizado
A substância cinzenta é comumente chamada de “H medular”. As “pontas” desse H são chamados de cornos/colunas, que podem ser posteriores ou anteriores. Podem existir cornos/colunas laterais: As colunas laterais aparecem apenas na região torácica e na região lombar alta, normalmente até a L2
Resumindo: Na medula, a substância cinzenta localiza-se por dentro da branca e apresenta a forma de uma borboleta ou de um H. Nela distinguimos, de cada lado, três colunas que aparecem nos cortes como cornos e que são as colunas anterior, posterior e lateral. A coluna lateral só aparece na medula torácica e parte alta da medula lombar. No centro da substância cinzenta localiza-se o canal central da medula (ou canal do epêndima), resquício da luz do tubo neural do embrião.
A superfície da medula apresenta sulcos longitudinais, que a percorrem em toda a extensão. Dentre eles, temos: sulco mediano posterior; fissura mediana anterior; sulco lateral anterior e sulco lateral posterior. Na medula cervical, existe o sulco intermédio posterior, situado entre o mediano posterior e o lateral posterior, e que continua em um septo intermédio posterior no interior do funículo posterior. Nos sulcos lateral anterior e lateral posterior fazem conexão, respectivamente, as raízes ventrais (eferentes) e dorsais (aferentes) dos nervos espinais