INCONTINÊNCIA URINÁRIA
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▫️ Incontinência urinária: Perda involuntária de urina em ocasião inoportuna e socialmente problemática
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- Além de ser física e socialmente desconfortável, pode produzir também comprometimento do trato urinário e da função renal
- A incontinência urinária de esforço (IUE) resulta de causa vesical, uretral ou da associação de ambas
- Entre as causas vesicais, as hiperpressões constituem o principal motivo de perda urinária
- Podem surgir pela contração detrusora involuntária ou pelo aumento pressórico exagerado gerado pela deficiência de complacência da bexiga, à medida que se distende
- Ademais, fatores irritativos vesicais, como infecção urinária e carcinomas, promovem contrações imperiosas de difícil inibição, com perdas urinárias frequentes
- Retardos no desenvolvimento de controle vesical na infância levam a perdas urinárias em idade não-habitual, em geral por dificuldade de controle do arco reflexo vesical, sem doença detectável
- Em alguns casos, surgem contrações vesicais involuntárias sem correlação com afecções neurológica evidente, sendo catalogadas como hiper-atividade detrusora idiopática
- Na incontinência urinária de esforço na mulher, observa-se certa integridade muscular uretral
- A perda de sustentação desse segmento, contudo, o impede de conter a urina quando existe o aumento pressórico intra abdominal, o que leva a perdas urinárias
- A hipermobilidade uretral pode ser mínima ou acompanhada de prolapsos genitais importantes, que ocorrem no momento do esforço abdominal
- Para que haja continência nessas condições, é também fundamental que exista alguma força muscular oclusiva na uretra, cuja alteração configura lesão uretral intrínseca
- Atualmente, admite-se que toda incontinência de esforço na mulher tenha algum grau de alteração uretral intrínseca, que pode atingir níveis mais importantes que a hipermobilidade como fator causal
- A hipermobilidade surge por não haver sustentação uretral adequada
- O períneo feminino apresenta um ponto fraco de sustentação em sua porção mediana, onde não existe musculatura e por onde se exteriorizam uretra, vagina e reto
- A uretra é mantida em posição por ligamento que a acoplam à musculatura pélvica
- Alterações dessa musculatura e, mais frequentemente, dos ligamentos de sustentação uretral e vesical, promovem perda da estabilidade, tornando a uretra esfinctericamente incompetente nesses momentos, com perdas involuntárias de conteúdo vesical

Mecanismos da Incontinência urinária por hipermobilidade a esforço
DIAGNÓSTICO
- Avaliação clínica:
- Objetivos:
- Confirmar a queixa
- Diagnóstico provável (esforço x urgência)
- Identificar condições causadoras e agravantes
- Identificar pacientes que precisam de investigação complementar e aqueles que podem ser tratados prontamente
- Sempre fazer:
- História clínica
- Exame físico
- Urina I
- Resíduo (controverso)
- Fazer em alguns casos:
- UDIN / Cistoscopia / Cistografia
- Creatinina
- Sinais e sintomas:
- Incontinência urinária de esforço:
- Perdas proporcionais à atividade (tosse, exercício, levantar peso)
- Sem perdas à noite
- Urgeincontinência:
- Frequência diurna
- Noctúria (sem esforço e sem o peso das vísceras sob a bexiga)
- Perdas imprevisíveis
- Perdas precedidas por urgência
- “Síndrome da chave/garagem”
- Molha-se à noite
- Exame físico:
- Posição ginecológica e/ou ortostática
- Trofismo vaginal, Infecções, Lesões
- Bexiga cheia: Grau de prolapso e incontinência
- Prolapso genital: Descida anormal das vísceras pélvicas (cistocele, retocele, enterocele, descida do útero)
- O diagnóstico da IUE é sugerido pela anamnese (perdas sob esforços, sem história sugestiva de bexiga neurogênica), pela presença de hipermobilidade uretral durante manobras de aumento voluntário da pressão intra-abdominal e através de exame urodinâmico
- Esse estudo simula as condições habituais de enchimento vesical e mede a intensidade dos aumentos pressóricos intra-abdominais, responsáveis pela perda urinária
- Dessa forma, é possível mensurar as pressões intravesicais e intra-abdominais no momento da perda urinária
- Caracteristicamente, nas IUE essas perdas fazem-se a baixas pressões intravesicais genuínas e pela transmissão da pressão intra-abdominal à bexiga, sobrepondo-se à capacidade insuficiente de fechamento uretral
TRATAMENTO
- O tratamento da IUE consiste na reposição do segmento vésico-uretral à posição normal e na adequada sustentação nessa posição durante os esforços
- O sucesso dependerá da eficiência em se conseguir esses objetivos a médio e longo prazo
- Reoperações tendem a criar lesões adicionais (intrínsecas) na uretra, diminuindo a eficiência do tratamento de incontinência urinária